Violência Doméstica
O
que é a violência doméstica
A violência
doméstica é um problema universal que atinge milhares de pessoas, em grande
número de vezes de forma silenciosa e dissimuladamente.
Trata-se de um
problema que acomete ambos os sexos e não costuma obedecer nenhum nível social,
econômico, religioso ou cultural específico, como poderiam pensar alguns.
Sua importância é relevante sob dois
aspectos; primeiro, devido ao sofrimento indescritível que imputa às suas
vítimas, muitas vezes silenciosas e, em segundo, porque, comprovadamente, a
violência doméstica, incluindo aí a Negligência Precoce e o Abuso Sexual, pode
impedir um bom desenvolvimento físico e mental da vítima.
Segundo o Ministério da Saúde, as
agressões constituem a principal causa de morte de jovens entre 05 e 19 anos. A
maior parte dessas agressões provém do ambiente doméstico.
A Unicef estima
que, diariamente, 18 mil crianças e adolescentes sejam espancados no Brasil. Os
acidentes e as violências domésticas provocam 64,4% das mortes de crianças e
adolescentes no País, segundo dados de 1997.
Tipos de Violência
Violência
Doméstica, segundo alguns autores, é o resultado de agressão física ao
companheiro ou companheira. Para outros o envolvimento de crianças também
caracterizaria a Violência Doméstica.
A vítima de
Violência Doméstica, geralmente, tem pouco auto estima e se encontra atada na
relação com quem agride, seja por dependência emocional ou material. O agressor
geralmente acusa a vítima de ser responsável pela agressão, a qual acaba
sofrendo uma grande culpa e vergonha. A vítima também se sente violada e traída,
já que o agressor promete, depois do ato agressor, que nunca mais vai repetir
este tipo de comportamento, para depois repeti-lo.
Em algumas
situações, felizmente não a maioria, de franca violência doméstica persistem
cronicamente porque um dos cônjuges apresenta uma atitude de aceitação e
incapacidade de se desligar daquele ambiente, sejam por razões materiais, sejam
emocionais. Para entender esse tipo de personalidade persistentemente ligada ao
ambiente de violência doméstica poderíamos compará-la com a atitude descrita
como co-dependência, encontrada nos lares de alcoolistas e dependentes
químicos.
Para entender a
violência doméstica, deve-se ter em mente alguns conceitos sobre a dinâmica e
diversas faces da violência doméstica, como por exemplo:
Violência Física
Violência física
é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não marcas evidentes. São
comuns murros e tapas, agressões com diversos objetos e queimaduras por objetos
ou líquidos quentes. Quando a vítima é criança, além da agressão ativa e
física, também é considerado violência os fatos de omissão praticados pelos
pais ou responsáveis.
Quando as vítimas
são homens, normalmente a violência física não é praticada diretamente. Tendo
em vista a habitual maior força física dos homens, havendo intenções
agressivas, esses fatos podem ser cometidos por terceiros, como por exemplo,
parentes da mulher ou profissionais contratados para isso. Outra modalidade é
as agressões que tomam o homem de surpresa, como por exemplo, durante o sono.
Não são incomuns, atualmente, a violência física doméstica contra homens,
praticados por namorados (as) ou companheiros (as) dos filhos (as) contra o
pai.
Apesar de nossa
sociedade parecer obcecada e entorpecida pelos cuidados com as crianças e
adolescentes, é bom ressaltar que um bom número de agressões domésticas é
cometido contra os pais por adolescentes, assim como contra avós pelos netos ou
filhos. Dificilmente encontramos trabalhos nessa área.
Não havendo uma
situação de co-dependência do (a) parceiro (a) à situação conflituante do lar,
a violência física pode perpetuar-se mediante ameaças de "ser pior"
se a vítima reclamar há autoridades ou parentes. Essa questão existe na medida
em que as autoridades se omitem ou tornam complicadas as intervenções corretivas.
O abuso do álcool
é um forte agravante da violência doméstica física. A Embriagues Patológica é
um estado onde a pessoa que bebe torna-se extremamente agressiva, às vezes nem
lembrando com detalhes o que tenha feito durante essas crises de furor e ira. Nesse
caso, além das dificuldades práticas de coibir a violência, geralmente por
omissão das autoridades, ou porque o agressor quando não bebe "é excelente
pessoa", segundo as próprias esposas, ou porque é o esteio da família e se
for detido todos passarão necessidade, a situação vai persistindo.
Também portadores
de Transtorno Explosivo da Personalidade são agressores físicos contumazes.
Convém lembrar que, tanto a Embriagues Patológica quanto o Transtorno
Explosivo têm tratamento. A Embriagues Patológica pode ser tratada, seja
procurando tratar o alcoolismo, seja às custas de anticonvulsivantes
(carbamazepina). Estes últimos também úteis no Transtorno Explosivo.
Mesmo
reconhecendo as terríveis dificuldades práticas de algumas situações, as
mulheres vítimas de violência física podem ter alguma parcela de culpa quando o
fato se repete pela 3a. Vez. Na primeira ela não sabia que ele era agressivo. A
segunda aconteceu porque ela deu uma chance ao companheiro de corrigir-se mas,
na terceira, é indesculpável.
Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), foram agredidas fisicamente por seus
parceiros entre 10% a 34% das mulheres do mundo. De acordo com a pesquisa “A
mulher brasileira nos espaços públicos e privados” – realizada pela Fundação
Perseu Abramo em 2001, registrou-se espancamento na ordem de 11% e calcula-se
que perto de 6,8 milhões de mulheres já foram espancadas ao menos uma vez.
Violência Psicológica
A Violência
Psicológica ou Agressão Emocional, às vezes tão ou mais prejudicial que a
física, é caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação,
desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma agressão que não deixa
marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indeléveis para
toda a vida.
Um tipo comum de
Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos,
cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade
de atenção, carinho e de importância. A intenção do (a) agressor (a) histérico
(a) é mobilizar outros membros da família, tendo como chamariz alguma doença,
alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exija atenção,
cuidado, compreensão e tolerância.
É muito
importante considerar a violência emocional produzida pelas pessoas de
personalidade histérica, pelo fato dela ser predominantemente encontrada em
mulheres, já que, a quase totalidade dos artigos sobre “Violência Doméstica”
dizem respeito aos homens agredindo mulheres e crianças. Esse é um lado da
violência onde o homem sofre mais.
No histérico, o
traço prevalente é o “histrionismo”, palavra que significa teatralidade. O
histrionismo é um comportamento caracterizado por colorido dramático e com
notável tendência em buscar atenção contínua. Normalmente a pessoa histérica
conquista seus objetivos através de um comportamento afetado, exagerado,
exuberante e por uma representação que varia de acordo com as expectativas da
platéia. Mas a natureza do histérico não é só movimento e ação; quando ele
percebe que ficar calado, recluso, isolado no quarto ou com ares de “não querer
incomodar ninguém” é a atitude de maior impacto para a situação, acaba
conseguindo seu objetivo comportando-se dessa forma.
Através das
atitudes histriônicas o histérico consegue impedir os demais membros da família
a se distraírem, a saírem de casa, e coisas assim. Uma mãe histérica, por
exemplo, pode apresentar um quadro de severo mal-estar para que a filha não
saia, para que o marido não vá pescar, não vá ao futebol com amigos... A
histeria quando acomete homens é pior ainda. O homem histérico é a grande
vítima e o maior mártir, cujo sacrifício faz com que todos se sintam culpados.
Outra forma de
Violência Emocional é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou
omisso é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terríveis. A mais
virulenta atitude com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente,
impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao
outro o tamanho de sua incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando
o outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente. Normalmente é o tipo
de agressão dissimulada pelo pai em relação aos filhos, quando esses não estão
saindo exatamente do jeito idealizado ou do marido em relação às esposas.
O comportamento
de oposição e aversão é mais um tipo de Agressão Emocional. As pessoas que
pretendem agredir se comportam contrariamente àquilo que se espera delas.
Demoram no banheiro, quando percebem alguém esperando que saiam logo, deixam as
coisas fora do lugar quando isso é reprovado, etc. Até as pequenas coisinhas do
dia-a-dia podem servir aos propósitos agressivos, como deixar uma torneira
pingando, apertar o creme dental no meio do tubo e coisas assim. Mas isso não
serviria de agressão se não fossem atitudes reprováveis por alguém da casa, se
não fossem intencionais.
Essa atitude de
oposição e aversão costuma ser encontrada em maridos que depreciam a comida da
esposa e, por parte da esposa, que, normalmente se aborrecendo com algum
sucesso ou admiração ao marido, ridiculariza e coloca qualquer defeito em tudo
que ele faça.
Esses agressores
estão sempre a justificar as atitudes de oposição como se fossem totalmente
irrelevantes, como se estivessem corretas, fossem inevitáveis ou não fossem
intencionais. "Mas, de fato a comida estava sem sal... Mas, realmente,
fazendo assim fica melhor..." e coisas do gênero. Entretanto, sabendo que
são perfeitamente conhecidos as preferências e estilos de vida dos demais,
atitudes irrelevantes e aparentemente inofensivas podem estar sendo
propositadamente agressivas.
As ameaças de
agressão física (ou de morte), bem como as crises de quebra de utensílios,
mobílias e documentos pessoais também são consideradas violência emocional,
pois não houve agressão física direta. Quando o (a) cônjuge é impedida (a) de
sair de casa, ficando trancado(a) em casa também se constitui em violência
psicológica, assim como os casos de controlo excessivo (e ilógico) dos gastos
da casa impedindo atitudes corriqueiras, como por exemplo, o uso do telefone.
Violência Verbal
A violência
verbal normalmente se dá concomitante à violência psicológica. Alguns
agressores verbais dirigem sua artilharia contra outros membros da família,
incluindo momentos quando estes estão na presença de outras pessoas estranhas
ao lar. Em decorrência de sua menor força física e da expectativa da sociedade
em relação à violência masculina, a mulher tende a se especializar na violência
verbal mas, de fato, esse tipo de violência não é monopólio das mulheres.
Por razões
psicológicas íntimas, normalmente decorrentes de complexos e conflitos, algumas
pessoas se utilizam da violência verbal infernizando a vida de outras, querendo
ouvir, obsessivamente, confissões de coisas que não fizeram. Atravessam noites
nessa tortura verbal sem fim. "Você tem outra+o).... Você olhou para
fulana (o)... Confesse, você queria ter ficado com ela (e)" e todo tido de
questionamento, normalmente argumentados sob o rótulo de um relacionamento que
deveria se basear na verdade, ou coisa assim.
A violência
verbal existe até na ausência da palavra, ou seja, até em pessoas que
permanecem em silêncio. O
agressor verbal, vendo que um comentário ou argumento é esperado para o
momento, se cala, emudece e, evidentemente, esse silêncio machuca mais do que
se tivesse falado alguma coisa.
Nesses casos a
arte do agressor está, exatamente, em demonstrar que tem algo a dizer e não
diz. Aparenta estar doente mas não se queixa, mostra estar contrariado,
"fica bicudo" mas não fala, e assim por diante. Ainda agrava a
agressão quando atribui a si a qualidade de "estar quietinho em seu
canto", de não se queixar de nada, causando maior sentimento de culpa nos
demais.
Ainda dentro
desse tipo de violência estão os casos de depreciação da família e do trabalho
do outro. Um outro tipo de violência verbal e psicológica diz respeito às
ofensas morais. Maridos e esposas costumam ferir moralmente quando insinuam que
o outro tem amantes. Muitas vezes a intenção dessas acusações é mobilizar
emocionalmente o (a) outro (a), fazê-lo (a) sentir diminuído (a). O mesmo peso
de agressividade pode ser dado aos comentários depreciativos sobre o corpo do
(a) cônjuge.
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/filosofia/filosofia_trabalhos/violencdomest.htm
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