PROGRAMA É
1.
Padilha (2001), citando Bierrenbach, explica que um programa é
"constituído de um ou mais projetos de determinados órgãos ou setores, num
período de tempo definido" (p. 42). Gandin (1995) complementa dizendo que
o programa, dentro de um plano, é o espaço onde são registradas as propostas de
ação do planejador, visando a aproximar a realidade existente da realidade
desejada. Desse modo, na elaboração de um programa é necessário considerar
quatro dimensões: "a das ações concretas a realizar, a das orientações
para toda a ação (atitudes, comportamentos), a das determinações gerais e a das
atividades permanentes" (GANDIN, 1993, p. 36 e 1995, p. 104).
CONSTRUINDO UM CONCEITO DE PARTICIPAÇÃO
A preocupação com a melhoria da qualidade da Educação levantou a necessidade de descentralização e democratização da gestão escolar e, consequentemente, participação tornou-se um conceito nuclear. Como aponta Lück et al. (1998), "o entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agir sobre elas em conjunto" (p.15).
De acordo com a etimologia da palavra, participação origina-se do latim "participatio" (pars + in + actio) que significa ter parte na ação. Para ter parte na ação é necessário ter acesso ao agir e às decisões que orientam o agir. "Executar uma ação não significa ter parte, ou seja, responsabilidade sobre a ação. E só será sujeito da ação quem puder decidir sobre ela" (BENINCÁ, 1995, p. 14). Para Lück et al. (1998) a participação tem como característica fundamental a força de atuação consciente, pela qual os membros de uma unidade social (de um grupo, de uma equipe) reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na determinação da dinâmica, da cultura da unidade social, a partir da competência e vontade de compreender, decidir e agir em conjunto.
Trabalhar
em conjunto, no sentido de formação de grupo, requer compreensão dos processos
grupais para desenvolver competências que permitam realmente aprender com o
outro e construir de forma participativa.
Para
Pichin-Rivière (1991) grupo é um "conjunto restrito de pessoas ligadas
entre si por constantes de espaço e tempo, articuladas por sua mútua
representação interna interatuando através de complexos mecanismos de assunção
e atribuição de papéis, que se propõe de forma explícita ou implícita uma
tarefa que constitui sua finalidade" (pp. 65-66). O que se diz explícito é
justamente o observável, o concreto, mas abaixo dele está o que é implícito.
Este é constituído de medos básicos (diante de mudanças, ora alternativas
transformadoras ora resistência à mudança). Pichon-Rivière (ibdem) diz que a
resistência à mudança é conseqüência dos medos básicos que são o "medo à
perda" das estruturas existentes e "medo do ataque" frente às
novas situações, nas quais a pessoa se sente insegura por falta de
instrumentação.
A
partir desses breves comentários, pode-se compreender a importância do tão
divulgado "momento de sensibilização" na implementação de planos,
programas e projetos. Sensibilidade é "qualidade de ser sensível,
faculdade de sentir, propriedade do organismo vivo de perceber as modificações
do meio externo e interno e de reagir a elas de maneira adequada"
(FERREIRA, s/d). Sensibilizar, portanto, é provocar e tornar a pessoa sensível;
fazer com que ela participe de alguma coisa de forma inteira. Por outro lado,
lembra Pichon-Riviére (1991) que "um grupo obtém uma adaptação ativa à
realidade quando adquire insight, quando se torna consciente de certos aspectos
de sua estrutura dinâmica. Em um grupo operativo, cada sujeito conhece e
desempenha seu papel específico, de acordo com as leis da
complementaridade" (p. 53).
Com
diz Libâneo (2001), a participação é fundamental por garantir a gestão democrática
da escola, pois é assim que todos os envolvidos no processo educacional da
instituição estarão presentes, tanto nas decisões e construções de propostas
(planos, programas, projetos, ações, eventos) como no processo de
implementação, acompanhamento e avaliação. Finalizando, cabe perguntar: como
estamos trabalhando, no sentido do desenvolvimento de grupos operativos, onde
cada sujeito, com sua subjetividade, possa contribuir na reconstrução de uma
escola de que precisamos?
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