AVALIAÇÃO
No dicionário
Aurélio, avaliar significa: determinar
a valia ou o valor de; apreciar ou estimar o merecimento de; determinar a valia
ou o valor, o preço, o merecimento, calcular, estimar; fazer a apreciação;
ajuizar.
Medir, significa: determinar ou
verificar, tendo por base uma escala fixa, a extensão, medida, ou grandeza de;
comensurar; ser a medida de.
Avaliar vem do latim a +
valere, que significa atribuir valor e mérito ao objeto em estudo. Portanto,
avaliar é atribuir um juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a
aferição da qualidade do seu resultado, porém, a compreensão do processo de
avaliação do processo ensino/aprendizagem tem sido pautada pela lógica da
mensuração, isto é, associa-se o ato de avaliar ao de “medir” os conhecimentos
adquiridos pelos alunos.
A avaliação é parte
integrante do processo ensino/aprendizagem e ganhou na atualidade espaço muito
amplo nos processos de ensino. Requer preparo técnico e grande capacidade de
observação dos profissionais envolvidos.
Segundo Perrenoud (1999), a avaliação da
aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção do
currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos
alunos.
Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os
resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam
supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter
diagnóstico.
O professor, que trabalha numa dinâmica
interativa, tem noção, ao longo de todo o ano, da participação e produtividade
de cada aluno. É preciso deixar claro que a prova é somente uma formalidade do
sistema escolar. Como, em geral, a avaliação formal é datada e obrigatória,
deve-se ter inúmeros cuidados em sua elaboração e aplicação.
Adaptado de Luckesi (2002)
Mudando de
paradigma, cria-se uma nova cultura avaliativa, implicando na participação de
todos os envolvidos no processo educativo. Isto é corroborado por Benvenutti
(2002), ao dizer que a avaliação deve estar comprometida com a escola e esta
deverá contribuir no processo de construção do caráter, da consciência e da
cidadania, passando pela produção do conhecimento, fazendo com que o aluno
compreenda o mundo em que vive, para usufruir dele, mas sobretudo que esteja
preparado para transformá-lo.
A AVALIAÇÃO
DA APRENDIZAGEM COMO PROCESSO CONSTRUTIVO DE UM NOVO FAZER
O processo
de conquista do conhecimento pelo aluno ainda não está refletido na avaliação.
Para Wachowicz & Romanowski (2002), embora historicamente a questão tenha
evoluído muito, pois trabalha a realidade, a prática mais comum na maioria das
instituições de ensino ainda é um registro em forma de nota, procedimento este
que não tem as condições necessárias para revelar o processo de aprendizagem,
tratando-se apenas de uma contabilização dos resultados.
Quando se
registra, em forma de nota, o resultado obtido pelo aluno, fragmenta-se o
processo de avaliação e introduz-se uma burocratização que leva à perda do
sentido do processo e da dinâmica da aprendizagem.
Se a
avaliação tem sido reconhecida como uma função diretiva, ou seja, tem a
capacidade de estabelecer a direção do processo de aprendizagem, oriunda esta
capacidade de sua característica pragmática, a fragmentação e a burocratização
acima mencionadas levam à perda da dinamicidade do processo.
Os dados
registrados são formais e não representam a realidade da aprendizagem, embora
apresentem conseqüências importantes para a vida pessoal dos alunos, para a
organização da instituição escolar e para a profissionalização do professor.
Uma
descrição da avaliação e da aprendizagem poderia revelar todos os fatos que
aconteceram na sala de aula. Se fosse instituída, a descrição (e não a
prescrição) seria uma fonte de dados da realidade, desde que não houvesse uma
vinculação prescrita com os resultados.
A isenção
advinda da necessidade de analisar a aprendizagem (e não julgá-la) levaria o
professor e os alunos a constatarem o que realmente ocorreu durante o processo:
se o professor e os alunos tivessem espaço para revelar os fatos tais como eles
realmente ocorreram, a avaliação seria real, principalmente discutida
coletivamente.
No entanto,
a prática das instituições não encontrou uma forma de agir que tornasse
possível essa isenção: as prescrições suplantam as descrições e os
pré-julgamentos impedem as observações.
A
conseqüência mais grave é que essa arrogância não permite o aperfeiçoamento do
processo de ensino e aprendizagem. E este é o grande dilema da avaliação da
aprendizagem.
O
entendimento da avaliação, como sendo a medida dos ganhos da aprendizagem pelo
aluno, vem sofrendo denúncias há décadas, desde que as teorias da educação
escolar recolocaram a questão no âmbito da cognição.
Pretende-se
uma mudança da avaliação de resultados para uma avaliação de processo,
indicando a possibilidade de realizar-se na prática pela descrição e não pela
prescrição da aprendizagem.
CONCLUSÃO
A avaliação é a parte mais importante de todo o processo de
ensino-aprendizagem. Bevenutti (2002) diz que avaliar é mediar o processo
ensino/aprendizagem, é oferecer recuperação imediata, é promover cada ser
humano, é vibrar junto a cada aluno em seus lentos ou rápidos progressos.
Enquanto a avaliação permanecer presa a uma pedagogia ultrapassada, a
mesma autora diz que a evasão permanecerá, e o educando, o cidadão, o povo
continuará escravo de uma minoria, que se considera a elite intelectual,
voltada para os valores da matéria ditadora, fruto de uma democracia mascarada
e opressora.
Acreditamos que o grande desafio para construir novos caminhos, segundo
Ramos (2001), é uma avaliação com critérios de entendimento reflexivo,
conectado, compartilhado e autonomizador no processo ensino/aprendizagem. Desta
forma, estaremos formando cidadãos conscientes, críticos, criativos, solidários
e autônomos.
Os novos paradigmas em educação devem contemplar o qualitativo,
descobrindo a essência e a totalidade do processo educativo, pois esta
sociedade reserva às instituições escolares o poder de conferir notas e
certificados que supostamente atestam o conhecimento ou capacidade do
indivíduo, o que torna imensa a responsabilidade de quem avalia.
Pensando a avaliação como aprovação ou
reprovação, a nota torna-se um fim em si mesma, ficando distanciada e sem
relação com as situações de aprendizagem.
Mudar a nossa concepção se faz urgente e necessário. Basta romper com
padrões estabelecidos pela própria história de uma sociedade elitista e desigual.
Neste sentido, Perrenoud (1993) afirma que mudar a avaliação significa
provavelmente mudar a escola. Automaticamente, mudar a prática da avaliação nos
leva a alterar práticas habituais, criando inseguranças e angústias e este é um
obstáculo que não pode ser negado pois envolverá toda a comunidade escolar.
Se as nossas metas são educação e transformação, não nos resta outra
alternativa senão juntos pensar uma nova forma de avaliação. Romper paradigmas,
mudar nossa concepção, mudar a prática, é construir uma nova escola.
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