Tabela 1 – Comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada
Modelo tradicional de avaliação
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Modelo adequado
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Foco na promoção – o alvo dos alunos é a promoção. Nas primeiras
aulas, se discutem as regras e os modos pelos quais as notas serão obtidas
para a promoção de uma série para outra.
Implicação – as notas vão sendo observadas e registradas. Não importa como elas
foram obtidas, nem por qual processo o aluno passou.
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Foco na aprendizagem - o alvo do aluno deve ser a aprendizagem e o que
de proveitoso e prazeroso dela obtém.
Implicação - neste contexto, a avaliação deve ser um auxílio para se saber quais
objetivos foram atingidos, quais ainda faltam e quais as interferências do
professor que podem ajudar o aluno.
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Foco nas provas - são utilizadas como objeto de pressão
psicológica, sob pretexto de serem um 'elemento motivador da aprendizagem',
seguindo ainda a sugestão de Comenius em sua Didática Magna criada no século
XVII. É comum ver professores utilizando ameaças como "Estudem! Caso
contrário, vocês poderão se dar mal no dia da prova!" ou "Fiquem
quietos! Prestem atenção! O dia da prova vem aí e vocês verão o que vai
acontecer..."
Implicação - as provas são utilizadas como um fator negativo
de motivação. Os alunos estudam pela ameaça da prova, não pelo que a
aprendizagem pode lhes trazer de proveitoso e prazeroso. Estimula o
desenvolvimento da submissão e de hábitos de comportamento físico tenso
(estresse).
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Foco nas competências - o desenvolvimento das competências previstas no
projeto educacional devem ser a meta em comum dos professores.
Implicação - a avaliação deixa de ser somente um objeto de certificação da
consecução de objetivos, mas também se torna necessária como instrumento de
diagnóstico e acompanhamento do processo de aprendizagem. Neste ponto,
modelos que indicam passos para a progressão na aprendizagem, como a
Taxionomia dos Objetivos Educacionais de Benjamin Bloom, auxiliam muito a
prática da avaliação e a orientação dos alunos.
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Os estabelecimentos de ensino estão
centrados nos resultados das provas e exames - eles se preocupam com as notas que demonstram o quadro global dos
alunos, para a promoção ou reprovação.
Implicação - o processo educativo permanece oculto. A leitura das médias tende a
ser ingênua (não se buscam os reais motivos para discrepâncias em
determinadas disciplinas).
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Estabelecimentos de ensino centrados na
qualidade - os
estabelecimentos de ensino devem preocupar-se com o presente e o futuro do
aluno, especialmente com relação à sua inclusão social (percepção do mundo,
criatividade, empregabilidade, interação, posicionamento, criticidade).
Implicação - o foco da escola passa a ser o resultado de seu ensino para o aluno
e não mais a média do aluno na escola.
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O sistema social se contenta com as notas - as notas são suficientes para os quadros
estatísticos. Resultados dentro da normalidade são bem vistos, não importando
a qualidade e os parâmetros para sua obtenção (salvo nos casos de exames como
o ENEM que, de certa forma, avaliam e "certificam" os diferentes
grupos de práticas educacionais e estabelecimentos de ensino).
Implicação - não há garantia sobre a qualidade, somente os resultados interessam,
mas estes são relativos. Sistemas educacionais que rompem com esse tipo de
procedimento tornam-se incompatíveis com os demais, são marginalizados e, por
isso, automaticamente pressionados a agir da forma tradicional.
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Sistema social preocupado com o futuro -
já alertava o ex-ministro da Educação, Cristóvam Buarque: "Para saber como será um país daqui há 20 anos, é preciso olhar como está sua escola pública no presente". Esse é um sinal de que a sociedade já começa a se preocupar com o distanciamento educacional do Brasil com o dos demais países. É esse o caminho para revertermos o quadro de uma educação "domesticadora" para "humanizadora".
Implicação - valorização da educação de resultados efetivos para o indivíduo.
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