Fragmentos de um interessante artigo de: Mari Guimarães Sousa; Moabe Breno Ferreira Costa e Adailson Henrique Miranda de Oliveira
NARRATIVAS HISTÓRICAS E LITERÁRIAS COMO ELEMENTOS IDENTITÁRIOS DA
REGIÃO CACAUEIRA SUL-BAIANA
Mari Guimarães Sousa2
Moabe Breno Ferreira Costa3
Adailson Henrique Miranda de Oliveira4
Adonias
Filho sempre foi considerado pela crítica como um escritor de invulgar
capacidade psicológica. Seu discurso sempre foi bastante elogiado pela crítica.
Numa perspectiva ontológica, o autor enfatiza os humanos universais, como o
comportamento do homem primitivo da região cacaueira ante a complexidade de sua
própria natureza (embrutecida) sob a ação do meio ambiente, a cisão
homem-mundo, o que determina a sina (na maioria das vezes trágica) de seus
personagens.
Assim
sendo, a densidade e a qualidade da produção artístico-cultural da região, com
ênfase em sua Literatura, constitui-se, por sua singularidade, num fato
incontestável. Representada por grandes romancistas como os já citados Jorge
Amado e Adonias Filho, fazem parte desse elenco os ficcionistas Cyro de Mattos,
Euclides Neto, Hélio Pólvora, Jorge Araújo, Ruy Póvoas, Marcos Santarrita, e os
poetas consagrados como Sosígenes Costa, Telmo Padilha, Valdelice Pinheiro,
Firmino Rocha, Minelvino Francisco Silva, dentre tantos outros. Destacam-se
ainda os autores inéditos e emergentes cujas obras garantem o constante
incremento literário regional. Tal efervescência encontra-se ainda, em sua
maior parte, intimamente relacionada à cultura do cacau.
O
cacau, por determinar a estrutura social, política e econômica da região,
engendrou normas de convivências e identidades que caracterizam e asseguram uma
conformação cultural regional bastante diferenciada, o que justifica aquilo que
Adonias Filho (1976) denomina Civilização Grapiúna, em virtude dessa região
apresentar traços culturais próprios e inconfundíveis. Conforme preconiza Hall
(1999, p. 49), “não apenas uma entidade política, mas algo que produz sentidos
– um sistema de representação cultural” [grifos nossos].
Conforme
Adonias Filho (1976, p.43) “antes que se tornasse de fato o coronel, [o
desbravador] penetrou e explorou a terra com os próprios braços. Fazia, não
mandava fazer ou, quando mandava fazer, também fazia”. Tal discurso,
artificioso, provindo de um texto ensaístico de Adonias, à priori,
não-literário, causa certo desconforto, pois parece justificar a posse ilícita
das terras grapiúnas ao considerar meritória a luta de seus desbravadores,
tornando a história dos coronéis do cacau comparável ao dos “destemidos
bandeirantes”, tidos como heróis, apesar das carnificinas que promoveram. Com o
objetivo de oferecer dados biobibliográficos e contribuir para o mapeamento
identitário da Região do Cacau Sul-baiana podemos elencar os seguintes autores
e suas respectivas obras, com ênfase maior em Jorge Amado e Adonias Filho, os
principais divulgadores desse imaginário.
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