SÍNTESE - Verificação ou Avaliação: o que pratica a escola?

SÍNTESE - Verificação ou Avaliação: o que pratica a escola?


A problemática existente em torno da abordagem sobre verificação e avaliação ganha notoriedade no âmbito escolar, já que a busca de entender seus conceitos também se tornam presentes no espaço das escolas, ganhando distinções entre si e reflexões para o seu uso mediante as necessidades encontradas nas salas de aulas das escolas, principalmente do Brasil.

            Os conceitos de verificação e avaliação são totalmente distintos entre si. Na ideia central desse texto, é exposta uma abordagem prática da aferição do aproveitamento escolar, utilizando, assim, os conceitos em torno da verificação e avaliação, com a intenção de retirar proveitos para a prática docente.

            Luckesi (2011) aponta que na prática da aferição do aproveitamento escolar, o professor acaba realizando três procedimentos em sucessão: a medida do aproveitamento escolar, a transformação da medida em nota ou conceito e a utilização dos resultados adquiridos.


            Um novo ponto passa a existir: a obtenção da medida dos resultados da aprendizagem. Na prática escolar, os resultados são obtidos através da medida conquistados pelos alunos por meio dos instrumentos utilizados para a obtenção dos resultados. Luckesi (2011) assim coloca medida como “uma forma de comparar grandezas, tomando uma como padrão e outra como objeto a ser medido, tendo como resultado a quantidade de vezes que a medida padrão cabe dentro do objeto medido”. Sendo assim, a medida nada mais é do que atributos para analisar um indivíduo e obter resultados sobre ele.

            No texto, um exemplo é bem explicado mostrando como funciona o processo de medida e a obtenção dos resultados. Em resumo, o autor enfoca que o professor utiliza como padrão de medida o “acerto” de questões e exemplifica um teste com dez questões onde o padrão de medida é o acerto e a pontuação máxima desse teste é dez. Sendo assim, o aluno só pode acertar no máximo dez questões, exatamente o número máximo do teste, ou pode acertar quantidades menores. Com isso, a medida da aprendizagem do aluno que realizou o teste irá ser correspondida pela quantidade de questões acertadas por ele.

            Na prática escolar, os acertos nos testes serão transformados em pontos, não havendo nenhuma diferença ainda com a denotação de medida, uma vez que a transformação dos pontos é uma representação em nota dos acertos que o aluno obteve no teste.

            Mesmo sendo precária ou não, a medida se torna algo necessária no processo de aprendizagem na prática escolar. É a partir da medida que o professor dá inicio aos passos seguintes para a aferição da aprendizagem, como afirma Luckesi (2011).


            Com isso, a medida irá se transformar em notas ou conceitos. No processo de medida, o professor obtém resultados. Com esses resultados, o professor transforma em pontos e esses pontos gerarão as notas finais ou os conceitos. As notas podem variar e são simplesmente numéricas, como Dez, Oito, Seis... diferentemente dos conceitos que são símbolos alfabéticos ou conotações verbal, como conceito A, B, C ou Excelente, Muito Bom, Regular... Essas notas e conceitos são medições, mas expressam a qualidade que se atribui à aprendizagem do educando.

            Com os resultados das médias obtidas por meio da soma dos pontos conquistados nos acertos das questões nos testes, o professor passa a ter diversas possibilidades de utilização como o registro dessa nota no Diário de classe ou na caderneta do aluno, a oferta para o educando em casos que ele tenha obtido uma nota ou conceito inferior e dando uma oportunidade de melhorar essa nota, permitindo uma nova aferição e, por fim, atentar para as dificuldades da aprendizagem dos educandos e trabalhar para que eles de fato aprendam o que se deve aprender.

            Em tese, as atribuições de pontos pelos acertos dos educandos nos testes, tornando-se médias, não se diferem de um processo seletivo e visa classificar o aluno em aprovado ou reprovado mediante as suas notas e na ocasião em que se possibilite uma nova oportunidade de revisão dos conteúdos, ainda não tem a sua visão centrada no melhoramento acadêmico, mas apenas no melhoramento da nota.

            A escola opera com a verificação e não com a avalição da aprendizagem, como aponta um dos títulos para levantamento de argumentos no texto. Com isso, o autor alavanca o significado dos termos “verificar e avaliar”, sendo o primeiro com o significado “fazer verdadeiro”, onde busca verificar e investigar a verdade de alguma coisa e encerra-se “no momento em que o objeto ou ato de investigação chega a ser configurado no pensamento abstrato”, já o segundo tem seu significado como “dar valor a...”, atribuindo valores ou qualidades a alguma coisa de forma positiva ou negativa. O ato de avaliar implica a coleta e análise dos dados que configuram o objeto de avaliação.

            Luckesi (2011) faz uma abordagem consistente sobre a diferença entre verificar e avaliar, sendo que a avaliação “envolve um ato que ultrapassa a obtenção da configuração do objeto, exigindo decisão do que fazer ante ou com ele” e aponta a verificação como “uma ação que ‘congela’ o objeto; a avaliação, por sua vez, direciona o objeto numa trilha dinâmica de ação”.

            A escola no Brasil trabalha com a verificação e não com a avaliação. Os resultados obtidos nas escolas são meramente classificatórios e não passa, em sua totalidade, por um processo analítico para obtenção dos quesitos que identificam os problemas mediantes as reprovações ou o possível melhoramento dos conteúdos e da forma de ministrar as aulas. Nesse contexto, é raro encontrar um professor que fuja desse padrão de medição e classificação.

            O autor propõe que a avaliação do aproveitamento escolar seja praticada com uma atribuição de qualidade aos resultados da aprendizagem dos educandos. É necessário avaliar para se compreender os meios, para se entender as razões dos possíveis problemas e anunciar novas soluções para isso.

            A média mínima precisa, nesse contexto, deixar de existir, já que é enganosa se for observada mais adentro nos processos de obtenção de notas. O autor traz outro exemplo bem didático que explica a falha no funcionamento da média mínima: um aluno pode ser aprovado na primeira nota com 10 tendo realizado um teste sobre adição na disciplina de Matemática, prosseguindo com outro 10 no segundo teste sobre subtração, mas tendo conseguido um 4 no terceiro teste sobre multiplicação e nota zero no último teste sobre divisão. Se feito uma média, o aluno teria uma nota 6. A nota 6 realmente engana que a lê. Ela não irá identificar que o aluno é mediano por completo nas quatro operações fundamentais da matemática, mas a visão de quem a vê é exatamente essa.

            O ideal seria que o sistema de notas deixasse de existir. É preciso observar que a obtenção de notas não serve para qualificar o educando, mas apenas quantifica-lo. A avaliação necessita ser inserida nesse espaço, tirando o lugar que a verificação ocupa nas escolas brasileiras, para que, por fim, se tenha um melhor aproveitamento e melhores resultados educativos que vão além de meras notações, se tornando, agora, verdadeiros conceitos positivos para a aprendizagem.

REFERÊNCIA

LUCKESI, Cipriano Carlos. Verificação ou avaliação: o que pratica a escola? In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições; 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 45-60.

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