EDUCAÇÃO INCLUSIVA
EDUCAÇÃO
INCLUSIVA
Celso Antunes
Inclusão é a transformação do sistema educacional, de
forma a encontrar meios de alcançar níveis que não estavam sendo contemplados.
Eu compreendo a inclusão como um processo em três níveis: o primeiro é a
presença, o que significa, estar na escola. Mas não é suficiente o aluno estar
na escola, ele precisa participar. O segundo, portanto, é a participação. O
aluno pode estar presente, mas não necessariamente participando. É preciso,
então, dar condições para que o aluno realmente participe das atividades
escolares. O terceiro é a aquisição de conhecimentos - o aluno pode estar
presente na escola, participando e não estar aprendendo. Portanto, conclui
Antunes, inclusão significa o aluno estar na escola, participando, aprendendo e
desenvolvendo suas potencialidades. Um outro aspecto da inclusão é identificar
e sobrepujar as barreiras que impedem os alunos de adquirir conhecimentos
acadêmicos. Essas barreiras podem ser: a organização da escola, o prédio, o
currículo, a forma de ensinar e muitas vezes as barreiras que estão na mente
das pessoas. Estas são as mais difíceis.
Um erro que educador algum pode cometer, diz Antunes é
acreditar que trabalhar a inclusão seja tarefa fácil ou se resuma na adoção de
uma ou de outra situação de aprendizagem. Essa questão é extremamente ampla e
por envolver valores e preconceitos que estão arraigados em nossa cultura e
introjetados em nossa mente, um trabalho verdadeiramente sério implica em
projeto de estruturação progressiva e mudança significativa. É por essa razão
que o que nesta crônica se procura não é resolver os arraigados princípios que
delimitam a inclusão, antes propiciar um momento em sala de aula que possa
despertar pensamentos sobre porque excluímos. Sabemos que esta contribuição é
quase nada, mas também não ignoramos que não se constroem viadutos sem a
participação singela de pequeninos tijolos.
Para Antunes, inteligência constitui um potencial
biopsicológico que no ser humano ajuda-o a resolver problemas. Dessa forma
representa atributo inato à espécie e assim nascemos com nossas diferentes
inteligências, cabendo ao ambiente no qual se inclui naturalmente a escola,
mais acentuadamente estimulá-las.
A “competência” não é inata e, portanto, constitui
atributo adquirido. Representa a capacidade de usar nossas inteligências, assim
como pensamentos, memória e outros recursos mentais para realizar com
eficiência uma tarefa desejada. Se ao buscar um destino qualquer descobrimos
que a estrada foi interrompida, nossas inteligências levam-se a essa
constatação e a certeza de que se deve buscar outra saída, mas a forma como
faremos determina o grau de competência da pessoa. Como se percebe, a
competência é a operacionalização da inteligência, e a forma concreta e prática
de colocá-la em ação. Assim posto, ao trabalhar as diferentes inteligências
humanas, pode o professor ativar diferentes competências. Percebe-se dessa
maneira que a noção de “competência” surge quando aparece ou é proposto um
problema, pois este desafio é que mostrará a forma melhor em superá-lo. Superar
um problema com competência, entretanto, não implica que tenhamos habilidade
para fazê-lo.
A habilidade é produto do treino e do aprimoramento de
nossa destreza argumenta Antunes, para que esses conceitos se ajustem a prática,
desenvolvamos o seguinte exemplo: o automóvel que nos leva a praia empaca em
meio à estrada; nossas inteligências detectam esse problema e a necessidade em
superá-lo. Se tivermos competência para isso, apanhamos a caixa de ferramentas
e colocamo-nos em ação, se não temos que ao menos tenhamos uma outra
competência, a de chamar depressa um mecânico. Supondo que saibamos consertar a
peça defeituosa e, dessa forma, resolvendo de forma pertinente o problema que
nos empaca, o faremos com maior ou com menor habilidade. Se o problema é
histórico em nosso carro e em nossa vida, provavelmente já conquistamos
habilidade maior em substituir ou consertar a peça defeituosa.
Levando-se esse exemplo para sala de aula, podemos ao
ensinar um ou outro conteúdo explorar suas implicações linguísticas,
lógico-matemáticas, espaciais, corporais e outras. Podemos ainda, propondo
desafios e arquitetando problemas, treinar competências nossas e de nossos
alunos, verificando que alguns as usam com notável habilidade, outros com habilidade
menor que, com persistência poderá crescer.
O trabalho com inteligências múltiplas em sala de aula
pressupõe uma reflexão construtivista, voltada para o despertar progressivo de
competências e sua transferência para vida prática através do desenvolvimento
de muitas habilidades que aos poucos se aprimora. Essa concepção se opõe a ideia
de que o saber transfere-se de uma pessoa para outra como algo que estando
pronto vem de fora e se encaixa na mente do aluno.
Fonte: http://reginapironatto.blogspot.com.br/2008/11/educao-inclusiva.html.
Acesso em janeiro/2017.
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