DIA DO JOVEM


Linda Juventude (Letra) – 14 Bis

Flávio Venturini e Márcio Borges
Zabelê, Zumbi, Besouro
Vespa fabricando mel
Guardo teu tesouro
Jóia marrom
Raça como nossa côr...<

Nossa linda juventude
Página de um livro bom
Canta que te quero
Cais e calor
Claro como o sol raiou
Claro como o sol raiou...<

Maravilha, juventude
Pobre de mim, pobre de nós
Via Láctea, brilha por nós
Vidas pequenas na esquina...<

Fado, sina, lei, tesouro
Canta que te quero bem
Brilha que te quero
Luz andaluz
Massa como o nosso amor...<

Nossa linda juventude
Página de um livro bom
Canta que quero cais e calor
Claro como o sol raiou
Claro como o sol raiou...<

Maravilha, juventude
Tudo de mim, tudo de nós
Via Láctea, brilha por nós
Vidas bonitas da esquina...<

Zabelê, Zumbi, Besouro
Vespa fabricando mel
Guardo teu tesouro
Jóia marrom
Raça como nossa côr...<

Nossa linda juventude
Página de um livro bom
Canta que te quero
Cais e calor
Claro como o sol raiou
Claro como o sol raiou...

(...) tempos atrás vinha escrito em destaque no canto da contracapa de todos os discos brasileiros a célebre frase: "Disco é cultura". Esta música é deste tempo e vem provar que a frase estava corretíssima. Quem não se lembra de "Linda Juventude", interpretada pela competentíssima banda mineira 14-Bis? Aqueles teclados fantásticos, linhas de baixo perfeitas, solos de guitarra de técnica apurada e uma voz bela e empostada como a de Flávio Venturini... Mas não estou aqui para falar sobre a música, e sim sobre a letra que, afinal de contas, é de uma riqueza cultural estrondosa.
A primeira palavra dita pela dupla Flávio Venturini e Márcio (um dos irmãos) Borges já causa inquietação: o que seria Zabelê? Só pessoas eruditas e de vanguarda sabem responder, por isso tive que recorrer ao Aurélio para decifrá-la. Olha só, já adquiri conhecimento tomando contato com a música - viram como "Disco é cultura" mesmo? Zabelê é uma "variação da palavra zambelê, que significa jaó"... ah! Jaó quer dizer "designação comum a várias espécies de tinamídeos do gênero Crypturellus". Agora sim posso recomeçar a análise. Fica tudo tão claro! "Zabelê, Zumbi, besouro": as três palavras se encaixam perfeitamente tanto fonética como musicalmente, é incrível a capacidade desta dupla!!! Logo depois, eles fazem uma bela analogia com o trabalho das vespas (não seriam abelhas? Isso mão importa) que fabricam o mel, tudo isso ligado umbilicalmente com uma jóia marrom que combina exatamente com o contexto a que eles estavam se referindo.
Como é bom recordar, falar e abrir o coração no que diz respeito à juventude, época marcante na vida de todos nós, quando descobrimos o mundo, mundo esse não tão bonito como desejávamos na infância, mas que nem por isso poderia nos impedir de sonhar, de sermos utópicos. "Pobre de nós" que não temos inteligência suficiente para entender completamente as metáforas extraordinárias da dupla mineira. Cabe a nós, reles mortais, cantar a música sem compreender direito sua mensagem, que está acima da capacidade humana de entendimento. Sim, não é exagero: estamos diante de dois gênios incompreendidos de nossa música popular brasileira.
Quando os dois mestres falam da Via Láctea, na verdade eles estão propondo uma visão holística musical: a capacidade da música de romper barreiras, ultrapassar fronteiras e brilhar em outras constelações. "Fado, sina, lei, tesouro": aí está de novo a genialidade a serviço do Clube da Esquina, a incrível competência em unir palavras que, para leigos, não têm nada a ver umas com as outras, algo que, para pessoas que enxergam além de nossa estreita visão, não passa de uma simples operação matemática. Não há palavras para expressar o que esta música significa para a humanidade em geral: rezemos, para que esta letra seja tombada pelo Patrimônio Histórico, devido a sua importância dentro do contexto holístico - por um mundo onde a paz e o amor façam com que homens, mulheres, bichinhos, plantas, pedras e tudo mais vivam em profunda, intrínseca e eterna harmonia.
Diante dos versos dessa música podemos perguntar: Para onde foi essa 'linda juventude, página de um livro bom'? Como podemos 'ler', interpretar essa mesma história que está deixando de ser linda? Talvez respondamos como o próprio poeta, que completa os versos: "Maravilha, juventude, pobre de mim, pobre de nós"! Temos visto uma sociedade enferma formada por famílias enfermas, consequentemente indivíduos enfermos. Nunca, desde a Idade Média, viu-se tanta falta do Deus Verdadeiro na humanidade. Homens estão conquistando muito conhecimento humano, preparo intelectual, mas zero de conhecimento da Palavra de Deus. Crise de valores, de falta de postura cidadã e de respeito, aliada à falta de rumos do governo. A arte de mentir e de negar virou algo corriqueiro e banal, assim como a mania de desrespeitar.

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