O CASTOR

O CASTOR

Tenho ainda na lembrança um filme de Walt Disney, o Vale do Castor, assistido há muitos anos. Este filme contém muitas lições aplicáveis às atitudes de um professor. O castor dá um exemplo de trabalho, de avaliação e de convivência com o meio ambiente. Se todos os professores imitassem um pouco o castor conseguiriam algumas transformações, tenho absoluta certeza.
Este animal enfrenta o inverno com temperaturas bem abaixo de zero e precisa preparar-se para o pior. Deve atravessar o inverno, fazendo antes reservas variadas, tanto de água como de espaço para viver. Tudo isso demanda muito trabalho. Ela passa a conhecer o meio ambiente de sua vida, escolhendo árvores para cortar, imaginando o dique que deve construir. Aqui começa a lição: trabalho intenso e escolha das árvores.
Ele nos ensina que sem trabalho não se consegue atingir a meta proposta. É a ação do professor preparando seu dique para levar a sua turma a enfrentar o inverno do aprendizado difícil e de baixas temperaturas. O castor trabalha com a natureza a seu favor, embora o inverno seja rigoroso. Ele não desanima em momento algum. Trabalha e faz a natureza trabalhar para ele. Por exemplo: quando corta com seus dentes um tronco ele espera até o primeiro estalo da madeira, daí para frente quem trabalha é a natureza. O vento se encarregará de derrubar a árvore que ele cortará, no chão, em pedaços. O mestre sábio trabalha a favor de sua turma, mesmo sendo ela muito rebelde, arredia e cheia de muitas dificuldades. O mestre acredita poder trabalhar em sintonia com os demais colegas, fazendo como o castor.
Se o animal nos dá a lição da persistência só nos resta aprendê-la e, em seguida, aplicá-la à nossa realidade. O dique, após construído, estará preparado para enfrentar o inverno duro, com temperaturas muitos graus abaixo de zero. O castor, no entanto, é excelente em auto-avaliação.
Ele tem segurança do que fez e confia em sua obra. Ele sobreviverá.
Observando o castor concluímos que muitos professores fazem coisas semelhantes. Eles trabalham em sintonia com os alunos, percebendo as dificuldades e os momentos em que poderão colaborar para o crescimento pessoal e grupal. Trabalha duro perseguindo as metas e, depois de ensinar e verificar os pontos mais importantes do aprendizado acredita na obra que fizeram junto com a turma. Em última análise reúnem a certeza de ter feito alguma coisa que fala profundamente a cada um dos alunos e, por esta razão final, sobretudo por causa dela, aprenderam. Basta olhar a obra para saber que o desempenho foi bom.
Se o castor dá uma lição de bom avaliador por conferir a cada passo o seu dique, ele ensina aos professores que isto é importante num processo de avaliação. Não se trata de avaliar somente no final, mas a cada passo do processo de construção do saber. Se o castor deixasse para avaliar seu dique somente no final e notasse algum erro muito grave, não teria tempo de fazer reparos porque o inverno já estaria castigando.
Avaliando a cada passo, na parte final, o que falta é muito pouco para garantir a sua sobrevivência.
Mais uma lição: avaliar no final do curso de pouco adianta, a não ser para definir quem vai sobreviver e quem vai ser aniquilado pelo inverno das reprovações.

Fonte: WERNECK, Hamilton. Prova provão, camisa de força da educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes. 1995.

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