PROJETO INSTIUCIONAL: REPENSAR A INDISCIPLINA
Saiba como estimular a equipe a refletir sobre a
própria postura e orientá-la para atuar frente a situações de conflito na
escola.
INTRODUÇÃO
Para mudar a perspectiva em relação à indisciplina, é imprescindível que a escola se responsabilize cotidianamente por garantir um ambiente de cooperação, em que o valor humano, o respeito, a dignidade e a integridade marquem as relações. Essa conquista pode se dar por meio de um percurso de formação continuada para toda a equipe. Ao mesmo tempo, é preciso ter em mente que conflitos sempre vão ocorrer e não é possível esperar o fim da formação para resolvê-los. Lembre-se de que o mais importante é lidar com a causa do conflito e não apenas atribuir culpa e impor punições. Pouco importa quem começou uma discussão. O fundamental é analisar o que levou as pessoas a ter dificuldade de negociar soluções justas e respeitosas. Para ajudar nesse momento intermediário, apresentamos quatro estratégias.
1.
Demonstrar
que a honestidade será sempre considerada importante. Os alunos devem aprender
que o que têm a dizer pode, sim, irritar o professor. Mas, em qualquer
circunstância, em vez ser de punido por ter sido autêntico, ele deve ser
orientado a perceber que o sentimento de bem-estar por ter seguido o valor da
verdade é o que mais conta.
2.
Não
agir de improviso. Manter-se calmo e controlar suas reações. Os problemas não
precisam ter uma resposta imediata por parte da equipe escolar. Agir de
improviso pode levar a atitudes pouco adequadas.
3.
Reconhecer
sentimentos e orientar comportamentos. Ficar bravo e com raiva é uma reação
natural de qualquer ser humano. Dizer ao aluno "você não pode se sentir
assim" ou "você não pode ficar com raiva do seu amigo" é,
portanto, inadequado. Oriente-o dizendo algo do tipo: "Você deve mesmo ter
ficado muito bravo, mas bater no colega resolveu o problema?"
4.
Acreditar
que o conflito pertence aos envolvidos. Isso não significa aceitar qualquer alternativa
de resolução ou se alienar do problema. Você deve ser um mediador, ajudando-os
a descrever o problema, incentivar que falem sobre os sentimentos e as ações e
busquem soluções, sempre incidindo sobre a causa e respeitando princípios.
Acompanhe, a seguir, uma proposta de formação para a equipe, fundamentada na
bibliografia indicada em cada etapa.
OBJETIVOS
ü Promover uma mudança de olhar em relação à indisciplina,
estudando conceitos de desenvolvimento moral e ético e adotando-os como
conhecimento necessário ao processo educacional
ü Estimular a equipe a refletir sobre a própria postura.
ü Conhecer os princípios de um ambiente de cooperação.
ü Analisar o regimento da escola.
ü Orientar a atuação da equipe frente a situações de conflito.
Conteúdos
ü Desenvolvimento moral.
ü Ética.
ü Valores humanos.
TEMPO
ESTIMADO
ü No mínimo um ano, com reuniões semanais no horário de trabalho
coletivo. Os problemas não acabam depois desse período. O objetivo é que todos
aprendam a lidar com eles.
DESENVOLVIMENTO
1ª etapa
Para começar, levante com a equipe quais as principais situações de indisciplina na visão deles. Organize o grupo em duplas. Cada uma deverá classificar as situações em categorias e apresentá-las. Anote os resultados e guarde-os para retomá-los no fim da formação. O próximo passo é aproximá-los do significado de indisciplina. O que a distingue da violência, por exemplo? Para isso, além de consultar a bibliografia, use o mapa conceitual disponível no site para orientar a discussão dos seguintes pontos:
ü A indisciplina escolar é um sintoma de que algo não vai bem. Se
há conflitos, a falha está na relação e não nas pessoas.
ü O comportamento indisciplinado é algo a ser alterado, mas isso
só vai acontecer se as responsabilidades forem divididas entre todos. Não é
mais possível dizer que "aqueles alunos do professor X são bagunceiros".
Os alunos são de todos e deve haver parceria para transformar a situação.
Bibliografia O Mapa do Problema Escolar: Quando a Cidadania Parece Não Ser Possível (Anais do XXII Encontro Nacional de Professores do Proepre - Educação e Cidadania), Luciene Tognetta
2ª etapa
O foco da discussão se desloca para a origem da indisciplina. A idéia é discutir a prática da equipe escolar, as propostas didáticas, o domínio do professor sobre o conteúdo, sua postura frente ao aluno e sua ação em situações de conflito (como citado na introdução).
Bibliografia Estratégias de Intervenção nos Processos de Desenvolvimento Profissional e Pessoal Docentes (II Congresso Internacional do CIDInE: Novos Contextos de Formação, Pesquisa e Mediação), Ana Aragão e Idália Sá-Chaves
3ª etapa
Realize o acompanhamento direto do trabalho docente em sala de aula, com gravação em vídeo ou observação e registro realizado pelo coordenador durante as aulas, momentos de recreio, entrada e saída, dependendo de onde o problema se localiza. Em seguida, o grupo deverá discutir a postura do professor e dos alunos com base nos conceitos estudados. Aqui, é obrigatório que o observado consinta em ser objeto de análise e discussão.
Bibliografia Autoscopia: Um Procedimento de Pesquisa e de Formação (Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 419-433), Ana Aragãoe Priscila Larocca
4ª etapa
Para seguir uma regra, é preciso entender sua razão de ser. Se não houver explicação que a justifique, a restrição pode e deve ser questionada. A idéia, nessa etapa, é analisar o regimento da escola. Os problemas têm mais a ver com as regras morais ou com as convencionais? Os princípios que fundamentam o projeto pedagógico devem ser discutidos. Como sugestão, tome como base a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Bibliografia Viajantes Destemidos sem Mapas Precisos: Professores-Formadores (Professor Formador: Histórias Contadas e Cotidianos Vividos, Ed. Mercado de Letras), Vera Lucia Sabongi de Rossi
AVALIAÇÃO
Por meio de questionários, peça aos alunos, funcionários e pais que analisem se houve avanços. Resgate a listagem feita no começo do projeto e peça que a equipe docente altere o que achar necessário, revendo as categorias definidas anteriormente.
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