Um Índio (tropicália, 1976) – Caetano Veloso
Um Índio
(tropicália, 1976) – Caetano Veloso
Para o tropicalista Caetano Veloso a raiz brasileira e, sobretudo, nordestina,
era base de toda a sua experiência artística. Portanto são fortes os traços de
mestiçagem negra e indígena em suas composições. A fim de homenageá-las,
Caetano compôs, em 1976, o hino “Um Índio”, que mistura o povo nativo do Brasil
com imagens interplanetárias. Nesta leitura pop os
filhos de Gandhi convivem com heróis do cinema norte-americano como Bruce Lee.
No entanto, o que salta aos olhos e emerge desta peça do mestre baiano é a
textura embebida em folhagens e gestos úmidos. Lançada com “Os Doces Bárbaros”.
Para o tropicalista Caetano Veloso a raiz brasileira e, sobretudo, nordestina, era base de toda a sua experiência artística. Portanto são fortes os traços de mestiçagem negra e indígena em suas composições. A fim de homenageá-las, Caetano compôs, em 1976, o hino “Um Índio”, que mistura o povo nativo do Brasil com imagens interplanetárias. Nesta leitura pop os filhos de Gandhi convivem com heróis do cinema norte-americano como Bruce Lee. No entanto, o que salta aos olhos e emerge desta peça do mestre baiano é a textura embebida em folhagens e gestos úmidos. Lançada com “Os Doces Bárbaros”.
Um Índio
Caetano Veloso
Caetano Veloso 75/82
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
REFRÃO
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
REFRÃO
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
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